Multifaces de um sentimento: as fases de Felipe Dylon

Um breve estudo.

Aos 15 anos, Felipe Dylon apropriou-se do zeitgeist da época e apostou no skate e surfwear.

Melhor impossível, Felipe Dylon era o epítome de tudo que o adolescente almejava. Nosso muso do verão.

De 0 a 10, o quanto você acha que esse skate estava parado para a foto?

Regatinha, correntão. O verão nunca vai acabar, bicho.

E o que tem de errado em viver em eterno verão? Não é como se ele fosse fazer dreadlocks.

Opa.

Assim, num passe de mágica, Felipe tornou-se o famigerado Cara Branco de Dreads.

Em meio ao turbilhão de absurdos, até um vídeo tocando Iron Maiden numa guitarra Flying V apareceu.

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Felipe Dylon de dreads é a nossa Britney Spears careca.

Mas Felipe cortou os dreadlocks e seguiu a vida. Qual é o próximo passo natural após dreadlocks? Um estágio em uma imobiliária.

Existe uma meiguice, uma entrega e uma vulnerabilidade no Felipe Dylon que genuinamente comove.

Felipe Dylon viveu tantas fases (ídolo teen, dreads, estágio em imobiliária etc), sempre com doçura, confusão e deslumbramento no olhar.

Encare esses olhos. Sinta. São olhos como os nossos, olhos inseguros procurando algo que nem eles sabem o que é.

Um desconforto no olhar, um deslocamento, de quem não foi feito para esse mundo opressor das celebridades.

Nunca esquecerei o dia que os olhos do Felipe Dylon assassinaram minha adolescência

Era outubro de 2004 e eu tinha 14 anos. 14 anos de hormônios na mais fervorosa ebulição. Peço perdão pela grosseria que direi, mas é fundamental para entender o estado do adolescente na época: até punheta vendo Friends eu já tinha batido, por pura sexualidade mal dirigida. Mesmo assim, completamente cego e obcecado com o sexo oposto, eu notei algo errado quando vi o Felipe Dylon no Beija Sapo MTV, uma versão reciclada com toque de conto de fadas do Fica Comigo liderado pela Daniela Cicarelli. O programa inteiro foi uma dolorosa sessão de constrangimento, mas o que choca realmente é o final do programa: Felipe finalmente escolhe a pretendente que mais o agradou e tasca-lhe um beijo de boate (aquele onde o rapaz aperta a cintura, entorta o pescoço e balbucia alguma coisa vergonhosa enquanto se aproxima dos lábios femininos). Mas o pavor mesmo veio depois.

Felipe Dylon, com a língua na boca da menina, abre os olhos, olha pra câmera que o filma e faz um hang loose para todos telespectadores, sem interromper o beijo.

Aquele olhar pedindo aprovação. Um par de olhos encarando sua alma.

Quando você olha muito tempo para o Felipe Dylon, o Felipe Dylon olha de volta para você.